quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Suficiente menos, Mats!


Sem resultados - desde 1994 Portugal nunca havia falhado três competições internacionais consecutivas - e já com quase quatro anos de trabalho sob as ordens de Mats Olsson, que assinou com a Federação para o cargo de técnico principal a 11 de Abril de 2005, embora já fizesse parte da equipa técnica de Javier Garcia Cuesta desde 2003, a Selecção Nacional não encontra o caminho do êxito e vem somando desfechos abaixo do expectável. Ainda no passado fim-de-semana somou em Espanha, frente à equipa da casa, uma derrota muito pesada: 20-34 foi a maior diferença desde que Olsson é o principal responsável e a segunda maior desde 1994.

Falhadas as presenças no Mundial da Alemanha 2007, Europeu da Noruega 2008 e Mundial da Croácia deste ano, e perante o cenário de maus resultados, O JOGO decidiu analisar o trabalho do seleccionador ouvindo quem sabe: os nove treinadores da Liga. Foi-lhes solicitada uma avaliação, entre 0 e 10 valores para seis áreas distintas, sendo as votações individuais secretas. A nota média foi negativa, mas todos eles aceitaram dar justificações.

E se o técnico do campeão nacional Benfica, José António Silva, considera que "uma vez que os pressupostos da sua contratação não se alteraram, as pessoas que fizeram a aposta não têm razão para mudar", opinião partilhada por Ricardo Tavares, da Liberty São Bernardo, que refere que "quem escolheu o seleccionador nacional deve ter as suas razões para o manter no cargo", Jorge Rito (ABC) e Paulo Queirós (Águas Santas) preferem esperar o fim do ciclo. "Não se pode crucificar ninguém, muito menos uma única pessoa", referiu o técnico do ABC.

Já Viktor Tchikoulaev, técnico do Sporting da Horta e uma das grandes figuras da história da selecção, é peremptório: "A questão não é pessoal. Conheço muito bem o seleccionador, jogámos muitas vezes, respeito-o como jogador e como pessoa, mas qualquer treinador do Mundo que assina contrato com qualquer equipa ou selecção, assumindo responsabilidades, deve ter por perto um bilhete de avião com data aberta. Não é justo avaliar no curto prazo. Mas neste caso já passou bastante tempo. A Selecção Nacional não é para trabalhar e fazer evoluir jogadores, esse é trabalho dos clubes. A Selecção é para ganhar, para ter resultados. E não vale a pena dizer que não conseguimos por um livre de sete metros. O facto é que falhámos e não nos apurámos. No meu tempo, contra a Jugoslávia, foi por um, mas marcámos e fomos apurados. Os objectivos foram cumpridos". Tchikoulaev até sugere uma alternativa para o lugar, considerando que "a pessoa certa seria Donner", justificando: "Experiência não falta, vontade de ganhar não falta, conhecimento dos jogadores não falta. Mesmo sabendo que há bons treinadores em Portugal, julgo que devem ganhar ainda mais experiência, porque trabalhar numa equipa e numa selecção é muito diferente".

João Florêncio, do Belenenses, também considera que "a selecção pode e deve render mais", e, mesmo tendo "respeito" e considerando "Mats Olsson uma pessoa séria", diz que "há treinadores portugueses que fariam melhor", uma opinião partilhada por Ricardo Tavares e Paulo Faria, também defensores de um português no cargo, algo que não acontece desde 1989. Na altura o seleccionador era Manuel Manita e as qualificações dos técnicos lusos estavam longe de serem as desejáveis, algo que actualmente não sucede. O que aumenta as dúvidas sobre Mats Olsson, embora os técnicos da Liga, no global, pensem que deve terminar a caminhada do Áustria 2010.

Fonte: O JOGO

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